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sexta-feira, 6 de julho de 2012

Damn it #15

Desde 2009 que me tornei mais ansiosa.
Ou melhor, acho que foi a partir de 2009 que se tornou mais difícil contornar a minha ansiedade.

Prefiro ainda especificar, controlar a minha ansiedade face a determinados assuntos (ok, assuntos de saúde relacionados com pessoas próximas, que felizmente e graças a Deus, não têm tido doenças tão graves que o justifiquem).
Não sei se foi o medo de, enquanto filha única, ter de vir a lidar com as doenças dos meus pais numa perspectiva sempre bi-focal (apoiar o que esteja doente e confortar o outro, sem tempo para eu própria chorar e lamber as feridas).
Não sei se foi tão somente o medo da perda, num movimento regressivo mas actualizado com o passar dos anos.
Não sei sequer se foi motivado por uma situação traumática. A tal, em 2009. 
Estava em vésperas de ir para Nova Iorque e o meu pai ia ter consulta de Endocrinologia no hospital onde há data eu trabalhava. Andava há anos a ser seguido por bócio multinodular. Na consulta anterior o médico pediu uma citologia aspirativa porque achou que já era altura, visto não fazer há anos. Como o habitual e de acordo com o médico responsável devido a uma anterior situação, eu antes uns dias confirmaria se o exame estaria acessível on line no processo electrónico. Se não estivesse, ligaria para remarcarmos para data em que os exames estivessem disponíveis. Era assim há anos. E, como habitualmente, naquela sexta feira de Janeiro confirmei que os relatórios estavam prontos, li o que não devia, sou leiga no assunto e tive um fim de semana de horror até me decidir a ligar na segunda-feira para o médico e falar com ele, que me tranquilizou falando que raramente aquele tipo de tumor seria maligno, mas que teria de haver cirurgia para retirar, obviamente. 
Apesar de leiga naquele tipo de tumor, a verdade é que eu sabia que o carcinoma da tiróide não é o mais grave de todos, tem bom prognóstico e boa hipótese de cura, uma vez que tinha trabalhado naquele serviço em particular uns anos antes e acompanhado pessoas com essas e outras patologias.
A isto acresce a pessoa meu pai, que não lida propriamente bem com assuntos de saúde/ doença.

A situação traumática foi eu ter lido e interpretado à minha maneira, mesmo sabendo previamente que o que eu interpretei não seria a situação mais grave do mundo.
O stress pós traumático é o que ainda hoje vivo com qualquer consulta, exame, ida ao médico, análises que os próximos façam (uma prima tem estado doente e sujeita a imensos exames, e eu andei ansiosa e em sobressalto). E mesmo quando não existe isso e alguém se queixa de uma borbulha na cara que seja.
Isto tira-me anos de vida. Mas principalmente tira-me o sossego em determinados momentos e vivo sobressaltada. E tal é um paradoxo numa pessoa que é naturalmente alegre.

1 comentário:

  1. ao ler isto acabei de me rever relativamente ao meu percurso "pelas doenças".... só penso que é bom saber que sou "normal" e há pessoas (tu, pelo menos) igual :) conforta-me beijinhos Magda

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